O que esperar da primeira sessão de análise? Um pequeno guia sem mitos

A primeira sessão de análise pode parecer um território desconhecido — e é justamente essa estranheza que a torna tão potente. Ao contrário do que alguns imaginam, você não precisa chegar com um roteiro pronto ou uma lista de traumas embaixo do braço. Aqui, o que importa é o que surge, mesmo que seja um “não sei por onde começar”. O psicanalista não é um detetive à caça de respostas, mas alguém que vai ajudar você a formular as perguntas certas. E sim, pode falar sobre o tempo, sobre aquela briga boba no trânsito ou até sobre o meme que você riu sem saber por quê.

O inconsciente não tem hora para aparecer.

Muitos temem o silêncio, como se ele fosse um vácuo constrangedor. Na análise, porém, o silêncio é terra fértil — é nele que uma palavra mal articulada ganha peso, que um riso sem graça revela um nervosismo escondido. Você pode perceber que algumas frases soam diferentes quando ecoam em um espaço feito para escutá-las, e não para julgá-las. Não há certo ou errado, só o que é seu. E se, no fim da sessão, você sair com mais dúvidas do que quando entrou, ótimo: é sinal de que algo começou a se mover.

Por fim, esqueça a ideia de que terapia é um tribunal onde você será “analisado”. A primeira sessão é um convite para que você mesmo se surpreenda. Pode ser que você fale por cinquenta minutos sem parar ou que, de repente, se dê conta de que aquela lembrança trivial da infância guarda um afeto que você nem sabia nomear. O setting — online ou presencial — é só o palco. A peça é sempre sua. E, ao contrário do que dizem por aí, ninguém “falha” na análise. Até o “não tenho nada pra falar hoje” diz muito. Então, respire fundo e deixe que a palavra faça seu trabalho. Você já sabe mais do que imagina.

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